"Pedaços"

Um....Seis....Dez....Eu podia continuar a enumerar, mas isso não os ia impedir de se continuarem a quebrar.

Até o mais "inabalável" cubo de gelo divide-se em mil pedaços quando colide fortemente no chão e o mesmo acontece connosco quando estamos nas fases más e, inevitavelmente nos encontramos no fundo. O coração humano não se quebra no sentido literal da palavra, ao invés disso faz-nos sentir determinadas coisas que se equiparam ao facto de ele se ter partido e no lugar dele estar apenas um grande e doloroso vazio. Até mesmo a pessoa com o coração mais gélido se deixa quebrar quando já aguentou e guardou demasiado.

A dor não pára, não abranda.

Tens esse pedaço de gelo e a opção de fazê-lo derreter-se em contacto com o calor da tua pele, mas contrariamente decides jogá-lo contra um poço quase sem fundo. O momento em que o cubo de gelo beija o chão e se quebra em pedaços que se vão derretendo é equiparado ao momento em que alguém chega ao seu limite e a água que é sucedida dos pedaços derreterem transforma-se em lágrimas que escorrem pelo rosto de alguém anónimo, alguém que aguentou demasiado e que já nem o controlo das suas lágrimas tem. Passou-se demasiado tempo desde a verdadeira razão para o sucedido estar a decorrer e nesse espaço de tempo mais coisas foram ocorrendo e a pessoa manteve a sua palavra e pensamento anónimos. Qual é o passo seguinte? Ignorar tudo até ao próximo rasgar do músculo, fazê-lo sempre até se habituar ou sentir tudo de uma vez e colocar um fim em todos os problemas acumulados? Ninguém garante que não voltará a presenciar um momento parecido ao qual se encontra mas também ninguém lhe sussurra que será tão difícil da próxima vez. O verdadeiro problema estará no momento em que já se tiver habituado a essa situação, quando o seu cubo de gelo estiver totalmente com os pedaços derretidos e mesmo assim não terá a mínima força para chorar, não terá força para sentir a dor e terá já desistido de tudo e todos, até de si e não querendo magoar ninguém acabou por se magoar a si.