violência, uma testemunha

"A uma mulher não se bate nem com uma flor"

Era preferível que ele me atingisse com uma simples flor do que duvidasse de mim, violasse o meu psicológico e marcasse todo o meu corpo substituindo uma mera flor por uma arma.

A minha grande pergunta no momento era, como? Como é que alguém é capaz de ser bruto a tal nível? Como é que cabe tanta brutalidade e violência dentro de alguém? E, por fim, como é que se esquece uma vida vivida do nada? Como se esquece todo o amor e se transforma tal sentimento tão lindo em pisaduras no meu corpo?

Vivo com remorsos que algum dia isto possa voltar. Tenho medo. Não me posso esconder. Tentei e não consegui. Mudei-me mas isso foi mais uma justificação para os atos dele. Não há como esconder.

A maquilhagem pode esconder as marcas de tons roxos que tenho espalhadas ao longo de todo o meu corpo, mas as lágrimas jamais irão esconder o sufoco e dor psicológica existente em mim. Eu podia acabar com isto num momento. Porque é que não tomo a iniciativa? Porque é que nunca nenhuma de nós toma iniciativa no primeiro toque? Da nossa parte há sentimento e da dele, bem, da deles há palavras como "desculpa amor", "eu vou mudar", "tu provocaste". Vai mudar? Quando? Até as cobras mudam de pele mas não é por isso que mudam o facto de serem cobras. Em acréscimo disto nasce um ser e as agressões podem acabar mas a pressão psicológica não terminará tão cedo. As discussões serão constantes e o medo aumentará.

Mas...Eu decido pôr o ponto final, para mim acabou aqui. Procurei ajuda. Comecei do 0. Longe é melhor. Portanto, vou acabar por aqui e digo-vos que, sendo homens ou mulheres, se passaram pelo que eu passei não se escondam atrás do medo e jamais se entreguem a ele. Ganhem a coragem, procurem ajuda. Ninguém vai tocar-vos a níveis extremos mais vez alguma. Estarão com pessoas do vosso lado a quem podem contar tudo. Não tenham medo. É preferivel pôr um ponto final na violência que na vida.