uma confusão temporária
- Jéssica Vieira
- 2 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
É tudo (ou quase tudo) temporário. A felicidade, a tristeza, o amor, a solidão, tudo passa e nada fica. Hoje somos a razão de se sentir o mundo nas mãos, amanhã somos uns meros desconhecidos. Mais uma vez, tudo é temporário. Mas nós? Nós não nos rendemos ao facto de que nada nesta vida vem com o intuito de ficar, nem mesmo nós e, mesmo assim, entregamo-nos. Entregámo-nos como se não houvesse amanhã. Damos tudo e ficamos com nada para depois nos transformarmos num nada e sentirmos tudo. Sentimos tudo, é uma imensidão de sentimentos a lutar uns com os outros e a formar uma enorme confusão. Confusão essa que também será temporária. Mais ou menos. A confusão existe sempre, o desconhecimento em relação a sentimentos também existirá sempre, as razões serão diferentes e serão essas que nos farão pensar que a confusão é, igualmente, temporária mas ela estará e sempre esteve lá. Mas nada poderá ser tão temporário quanto sentimentos e esses? Esses não são tão temporário como imaginamos. Eles passam sim mas não em três tempos. Como é que algo tão forte desaparecerá da noite para o dia ou vice-versa? É impossível e a melhor explicação existente, por enquanto, é que jamais existiram sentimentos. Mas todos estes sentimentos existentes são igualmente temporários e não temporários: são temporários porque as coisas acabam e fazem com que eles igualmente acabem, ou se faça pensar que acabem porque o melhor será seguir em frente. Não são temporários porque nos enganamos e magoamos em consequência disso, enterramos e disfarçamos a existência dos mesmo porque pensamos que estamos a fazer o correto. Nós, enquanto humanos, queremos sempre o melhor. Não nos queremos magoar, nem a nós, nem à pessoa que, supostamente, nos fazia feliz e, infelizmente, acabamos sempre por fazer um deles. Adivinhem? Isso também não é temporário, faz parte do jogo que nós fazemos com os sentimentos: ou nós ou os outros. A única coisa verdadeiramente temporária é a nossa passagem por esta vida e isso parece ser algo que nos custa a aceitar. Hoje estamos cá e amanhã? Quem garante o amanhã? Ninguém e, por isso mesmo, entregamo-nos fortemente e intensamente a tudo e brincamos com tudo a um ponto em que nos cansamos seja de alegria, tristeza, companhia, solidão, amor ou não. Ficamos cansados e tornamos tudo temporário porque não nos satisfazemos e acabamos por tornar a alegria, tristeza e afins dos outros igualmente temporários como consequência da nossa indiferença.




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