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hiato

  • Foto do escritor: Jéssica Vieira
    Jéssica Vieira
  • 28 de jan. de 2020
  • 2 min de leitura

Em alguma parte da minha vida - seja ela qual for - eu encontro-me no meio de uma espécie de hiato, uma pausa.

Por vezes tenho esta necessidade, inevitabilidade essa que me faz dar pausas. Tiro intervalos frequentes de pessoas, objetos e até hábitos. Mas (há sempre um mas e desta vez não seria exceção) sempre que volto parece que regresso em dobro. Parece que todas as pausas já dadas, todos os intervalos tirados, férias de mim mesma e para mim mesma, parece que tudo isso apenas me rejuvenesce, que me faz encontrar quem eu estava a deixar ser sugado. Daí sempre que eu volto, volto em dobro, com tudo ou sem nada.

Sempre que quero voltar tenho a tendência de, da mesma maneira, ser sugada pela realidade. Eu esqueço-me que enquanto eu tiro estas pausas e, simplesmente, desapareço a vida de todos os outros continua. Eu estou parada, eu fui a única que me retirei. Tal como quando acordamos de um coma e pensamos que tudo continua igual eu, dessa mesma maneira, penso que depois de me retirar para me reabilitar tudo estará de igual forma mas a verdade é que não. Tal como já referi, eu fui a única que tive a necessidade de dar duas passadas atrás e vê-los brilhar sem mim.

Tive desde novembro a olhar para o rascunho deste texto, desde novembro a tentar encontrar palavras que dissessem tudo o que eu queria, quero e, de certa forma, quererei dizer num futuro próximo. Já fui melhor a disfarçar sentimentos ou a falta deles, já fui melhor a dizer que não preciso da atenção de alguém. Hoje só digo que preciso de alguém que me dê a atenção que eu quero em porções estáveis, alguém que perceba o porquê de todas estas pausas inconstantes, alguém que ouça e veja os pedidos de ajuda quando eles não estão lá diretamente expressados. Porque se eu, como escritora, não consigo expressar diretamente o que se passa comigo terei, obviamente, que mascarar as palavras para elas não serem dolorosas.

Mas chega de romantismos, seremos realistas, por muito que se precise de alguém, ninguém ficará, ninguém se sujeitará a ter hoje e amanhã não. Não por não perceber o que está a decorrer, não por já ter ouvido demasiadas vezes o mesmo, muito menos por já ter visto as lágrimas a caírem muitas vezes. Apenas porque somos todos pessoas e quando fazemos algo superficialmente bom para nós (ou que pensemos que é), estaremos sempre a desprezar a atenção de alguém por distração e medos. Nunca haverá um meio termo no que diz respeito a ser a pessoa que quer pedir ajuda e não consegue e ser a que está disposta a ajudar mas precisa do pedido de ajuda direto. Não há nem haverá essa harmonia de um momento para o outro, tem que ser trabalhada. Ela é delicada.


 
 
 

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