-espaço-

Há dias em que a única coisa que é mesmo necessária é um pouco de espaço do resto do universo.

Querer estar só sem se sentir só. Querer fugir um bocado a esta sombria realidade. Enfim, desejos totalmente normais e que se transformam num bicho de sete cabeças em alguma parte da nossa vida.

Cada um de nós tem as suas necessidades e, por vezes, desaparecer por um tempo é uma delas. Será egoísmo uma pessoa estar constantemente a desaparecer e a aparecer? Provavelmente sim, provavelmente não. Há várias maneiras de tratar deste assunto, mas a verdade é que há consequências. Devemos sempre ter o nosso bem-estar como prioridade porque se nós não lutarmos por nós, jamais alguém o fará. O problema é que, os intervalos que fazemos da realidade para conseguirmos uma verdadeira estabilidade num nível geral acabam por ter consequências. Todas as nossas ações irão, em algum dia, demonstrar algum tipo de efeito secundário na nossa vida. A mínima decisão pode alterar todo o futuro que já tínhamos desenhado até tal momento.

Eu vou e venho e jamais prometerei que ficarei para sempre. Sou instável. Preciso sempre de tempo para mim, para lidar com a confusão que faço e que tenho na minha cabeça. Necessito de conseguir interpretar tudo sem a mínima ajuda. E quando começa a afetar as pessoas que me rodeiam? Essa é uma das consequências. Com tanto vai e vem quem sempre está cá acaba por se cansar. Porquê? Porque também ela, em algum ponto da vida dela, precisará de se afastar para responder às suas perguntas.

Estamos sempre a sair e entrar, desaparecer e aparecer porque sabemos que quando voltarmos teremos alguém que nos espera mas, e se um dia já ninguém nos esperar de volta, ou se já não voltarmos?